Insana Double Chocolate

É na pequena cidade de Palmas, local frio no extremo sul do Paraná, que três amigos cervejeiros resolveram transformar o hobby de fazer cerveja caseira em um negócio próprio. Recentemente inaugurada, a fábrica fica numa área rural a 4km do centro da cidade e conta com um espaço gourmet para recepção de clientes. Atualmente produzem 3 estilos (golden lager, weiss e porter) todos eles puro malte. Aliás, a "Insana Chocolate Porter" ganhou medalha de ouro no I Concurso Brasileiro de Cervejas que ocorreu em Blumenau este ano, na categoria "brown porter". No rótulo a imagem do primeiro automóvel do mundo homenageia Karl Benz, o "insano" que revolucionou a sociedade ao inventar o motor de combustão interna a quatro tempos.

Líquido castanho escuro, no copo forma espesso colarinho bege que no decorrer de alguns minutos se estabiliza numa fina camada perene.

Aroma rico em chocolate, pontuado por notas de malte tostado, café, leve defumado e alguma sugestão que remete a castanha-do-pará. Apesar da média intensidade, agrada bastante.

O sabor vai na mesma linha do aroma, com chocolate meio amargo, malte torrado/tostado e uma pitada de café. O gole começa adocicado, mas logo cede espaço para que notas mais amargas se façam presentes, culminando num final praticamente seco. O corpo é baixo/médio e a carbonatação amena. Sensação achocolatada marca o retrogosto.

Porter correta, gostosa de beber. Os rapazes da "Insana" mandaram muito bem e estão de parabéns. Recomendo.

Leve, dominada por toques de café e defumado. Final doce e agradável. Adequada ao estilo.

Aroma forte de café e tostado. Ao virar no copo, percebe-se ser uma cerveja com pouco corpo pois, apesar de escura, pouco licorosa e bastante "transparente". Isso me desagrada profundamente em um cerveja escura. Ao tomar o gole, tenho a prova: pouco corpo, aguada demais. No sabor, o café está sempre presente, o chocolate nem tanto. Final levemente seco retrogosto lembrando cinzas. Carbonatação alta demais. Apesar disso, a drinkability é legal e a sensação interessante.

Marrom escura, com boa nuance contra a luz. Formação abundante de espuma bege, com uma camada mais cremosa por cima formadora de lacing, e por baixo uma mais rala, esta última de baixa duração. Um aroma agradável, notas acentuadas de café, e um bom chocolate. Sabor inicialmente suave, com predominância ao malte tostado e ao caramelo. A sensação do chocolate aumenta gradativamente até a boca se acostumar, porém poderia haver um pouco mais de intensidade; acredito que a alta carbonatação teve uma leve interferência. Corpo suave, contudo não aguado. A breja possui boa drinkability: apesar de um amargor muito sutil, os outros elementos possuem dulçor adequado que dá um ótimo equilíbrio à breja. Final tostado e uma leve sensação de cinzas.
Uma boa breja. Vale a pena experimentar, principalmente se considerando a pequena gama de nacionais produzidas nesse estilo.

COR: castanho escuro, reflexos vermelhos, opaca
ESPUMA: bege, alta formação e sustentação, ótima retenção, fofa, bolhas esparsas, sujeira na lateral.
AROMA: chocolate ao leite, café, malte, caramelo, bala de leite, lúpulo, cinzas.
SABOR: cinzas, tostado, chocolate ao leite, café, malte, caramelo, bala de leite, lúpulo, herbal, eucalipto, baixo corpo, alta carbonatação. Fim seco e tostado.

Depois de experimentar a Young’s Double Chocolate Stout automaticamente virar seu fã e a busca por similares do estilo com adição de chocolate era enorme. A pesquisa mal começou e já soube da existência dessa caseira brasileira de nome Insana, embora do estilo Porter, que também levava adição de chocolate na sua receita. Ela apresentou uma curiosa carbonatação, muito presente, que criou uma das espumas com maior retenção que já vi, deixando todo o tempo dois vastos dedos de espessura que teimosamente não desciam por nada. Seu aroma de chocolate era vivo, não me soando nada artificial nem enjoativo, mas muito bem inserido como um bom chocolate caseiro, mas a meu ver pendendo mais pro chocolate ao leite que o amargo como sugere o rótulo. O café também marcou presença, destaque do maltado em especial o caramelo e bala de leite, e presença de lúpulo mais encoberto, ao fundo, e ainda um forte defumado de cinzas. Seu sabor dava uma segurada no chocolate e no café, para aparecer mais no tostado e no defumado de cinzas. Prosseguia com um corpo de textura baixa, mas não aguada, de carbonatação alta e crocante, acompanhado de leve herbal de eucalipto, e sempre permeada por uma extrema secura, que perdurava até seu final sequíssimo e tostado. Voltando ao comparativo com a inglesa da YDCS, suas cargas aromáticas são chocolate puro, mas seus sabores valorizam, em cada uma, outras sensações particulares, evitando deixar seu paladar com um doce de chocolate exagerado e enjoativo. Pontos para ambas.