Sierra Nevada Bigfoot Barleywine Style Ale

Edição 2015

Cobre-avermelhada com uma espuma espetacular considerando o teor alcoólico da mesma.

O aroma conta com notas de blackberry, madeira, caramelo e pinho.

O sabor inicial conta com um melaço intenso, frutado com leve dulçor e amargor lupulado. O palato fica com um longo sabor resinoso ao fim do gole.

Ótimo barley wine!

Esta Sierra Nevada Bigfoot é do estilo Strong Ale, sub-estilo American Barleywine (vinho de cevada), este caracterizado por cervejas de alta fermentação potentes e robustas, em regra envelhecidas, que apresentam coloração variável e creme que vai do fugaz ao abundante; o aroma e o paladar trazem notas maltadas intensas com sensação de caramelo e panificação, alguns ésteres frutados e lúpulo assertivo que vai de alto a muito alto, com sensações cítricas e resinosas. O corpo é denso, a carbonatação é variável e teor de álcool pode chegar aos ABV 12%. É um estilo cujos exemplares se prestam à guarda, a exemplo de bons vinhos. As cervejas inglesas no estilo possuem uma base de maltes mais rica, amargor terroso e um perfil mais equilibrado do que as congêneres americanas. Diga-se, a propósito, que apesar do equilíbrio tender ao amargor numa American Barleywine esta não chega a se confundir com uma Imperial IPA americana, na qual o amargor costuma ser extremo e a base maltada menos musculada.

É produzida pela Cervejaria Sierra Nevada, instalada na cidade americana de Chico/Califórnia. A história da cervejaria remonta ao ano de 1979, tendo sido fundada por Ken Grossman e Paul Camusi. Um pouco antes disso, por volta de 1970, abriram uma loja de produtos para cervejeiros caseiros, mas fabricavam cerveja artesanalmente em pequenas quantidades. Como naqueles anos não havia equipamentos sob medida para micro-cervejarias os sócios tiveram que percorrer fazendas da região em busca de sucatas de tanques de aço inoxidável, outrora usados em ordenhadeiras, material este que foi reciclado e que deu início à cervejaria. Em 1987 e em 2000 tiveram que ampliar as instalações, pois, a oferta era inferior à demanda. O nome homenageia as montanhas próximas (parte leste do Estado), nas quais Ken gostava de fazer caminhadas. A cervejaria também possui um restaurante, um auditório de 350 lugares para música ao vivo, painéis solares para a fábrica e um centro de pesquisas e laboratório para análises cervejeiras. Como resultado das pesquisas lançou uma variedade de lúpulo batizada ‘torpedo’, o que dá uma ideia do que esperar duma breja com tal lúpulo. O portfólio é vasto e a Bigfoot, cujo primeiro lote foi fabricado em 1983, é o primeiro rótulo que degusto.

Vintage 2012 – validade (?). A garrafa é de 350 ml, cor marrom, tampa branca com o desenho duma pegada em azul (com o ano do lote) circundada pelas expressões ‘fresh seal cap’ e ‘use bottle opener’. O rótulo é muito bonito, colorido e divertido e nele se vê um garimpeiro abaixado, intrigado com algumas pegadas gigantes; logo atrás está a sua mula assustadíssima eis que já enxergou a figura do pé-grande à espreita numa mata próxima. Completa a obra de arte algumas montanhas ao fundo e os nomes da cervejaria e do rótulo emoldurando o desenho, bem como as expressões ‘purest ingredients’ e ‘finest quality’. Na lateral do rótulo há informações de ABV (9,6 %).

Vertida na taça revelou um líquido de coloração acobreada com nuances avermelhadas, medianamente turvo, espuma bege de bela formação e consistência, com bolhas médias e destacada manutenção. Rendas se formaram e ao girar a taça as paredes laterais do vidro ficam tomadas pelo líquido viscoso, mais ou menos como bolinhas de sagu escorrendo - as tais 'lágrimas'; um anel de creme restou mantido ao longo da degustação e perlage (bolhas) foi igualmente vista.

O aroma desta cerveja é bastante convidativo! Aromático e complexo exala um verdadeiro festival de sensações pelo qual se percebem nuances de torrefação (chocolate), caramelo, toffee, biscoito, pão, condimentado, bom frutado (ameixas e cerejas), tostado/madeira e lúpulo saliente com perfil cítrico (toranja) e herbal (pinheiro). O álcool volatiza bem, mas de forma agradável, e lembra vinho do porto.

No paladar o líquido se apresenta licoroso e reitera a complexidade exposta ao olfato, amplificando-a. De caráter inicialmente adocicado percebe-se na cerveja uma forte base maltada com nuances de caramelo, chocolate, toffee, panificação, frutado de ameixas e cerejas, tostado/madeira e vinho do porto. O amargor (IBU90) é bruto, apresenta perfil cítrico e herbal (pinheiro) e confere equilíbrio tendente aos lúpulos. O final se mostra amargo e seco e o retrogosto é agridoce e picante. O álcool de 9,6% ABV é potente e confere agradável aquecimento na garganta, mas é bem inserido e ajuda a lavar a boca. O corpo é médio-alto, assim como a carbonatação. A palatabilidade (drinkability) é mediana, dada a parcimônia que a robusta breja recomenda.

Degustação altamente prazerosa eis que oferecida por um conjunto complexo e encorpado, que bem representa o estilo americano.

Recomendo muito!

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Versão 2013. Coloração âmbar turva com creme bege de longa duração. Aroma complexo, torrado, caramelo, lúpulo, chocolate e até cítrico. Final extremamente seco. Álcool bem inserido no conjunto. Apesar de fugir do estilo como mencionado por outros confrades é uma cerveja interessantíssima que vale experimentar.