Detalhe da Avaliação

A história da cervejaria "De Leyerth", mais conhecida como "Urthel", começa no ano 2000, na pequena vila belga de "Ruiselede" (porção oeste da região de "Flanders"), quando a engenheira-cervejeira 'Hildegard' e seu atual marido 'Bas' resolveram montar uma cervejaria. Especialista do ramo, ela encarregou-se da produção de cervejas propriamente dita; ao passo que ele, escritor/ilustrador, responsabilizou-se pela concepção artística da marca. Aliás, foi com base em personagens que ele mesmo desenvolveu para um conto de fadas de sua autoria que o nome "Urthel" surgiu. Afinal, os "urthels" nada mais eram do que o nome da raça dos duendes que ele inventou para seu conto de fadas. Desde então, este simpático duende de barbinha branca tornou-se mascote oficial da cervejaria.

Desde 2006, praticamente toda a fabricação da linha Urthel tem ocorrido, sob contrato, na planta da cervejaria "De Koningshoeven" (produtora da "La Trappe") no município de de Tilburg, Holanda.

Refermentada na garrafa, a "Urthel Hop It" é uma "Belgian Golden Strong Ale" com alta carga de lúpulos europeus. A ideia de produzir um rótulo mais lupulado surgiu após uma viagem da mestre-cervejeira aos Estados Unidos, onde entrou em contato com as amargas 'IPA' americanas.

Dourada e translúcida, na taça forma espessa camada de espuma branca que permanece retida por um bom tempo.

Contrariando expectativas, o aroma se mostra bastante suave. Leve caramelado surge acompanhado de notas frutadas, trazendo muito abacaxi, pitadas de banana e um pouco de melão. Toques discretos de chiclete e levedura sinalizam ao fundo.

O corpo é denso, vigoroso e a carbonatação fervilhante salpica a ponta da língua. No paladar predomina o dulçor característico de açúcar cândi e maltes caramelizados, ao passo que um contido amargor se esforça para equilibrar as coisas. Reminiscências de abacaxi maduro, pêssego em calda e doce de laranja insinuam-se no palato. Algo de xarope pra tosse aparece de leve e causa certa estranheza. Bem inserido, o álcool esquenta sem incomodar. O final é longo, doce e esterificado com suave sensação cítrica de lúpulo. Retrogosto condimentado, moderadamente amargo, permeado por traços de álcool e leveduras. 'Média drinkability'.

Confesso que esperava mais desta cerveja no que tange a marcante característica do lúpulo. Apesar do nome dizer "Hop It" ( algo como, "lupule-a") todo esse amargor anunciado não veio. Creio que esse "apagamento" do lúpulo se deva a perda do frescor causado pelos percalços da viagem até o Brasil e/ou pelo armazenamento inadequado. Afinal, sabemos que o vigor do lúpulo é a primeira coisa que se esvai numa cerveja. De qualquer maneira, trata-se se uma ótima "Belgian Strong Ale" e vale a degustação.