Prezados apreciadores, sou recente na degustação de brejas, coisa de dois meses para cá. Na Europa pude experimentar diversos rótulos e estilos que me agradaram, uns poucos nem tanto. As que me agradaram principalmente foram as belgian strong ales, tripels e pale ales. Eu particularmente não curto as que levam malte tostado, recentemente procurei conhecer algumas "tops", como a RIS da Brooklyn, mas de fato o sabor de café em brejas não me agrada. Enfim, minha dúvida é com relação especificamente às dubbel. Quando conheci uma tripel, em algum lugar - confesso não me recordar onde, talvez na descrição da breja na carta do local - dizia que se tratava de uma tripla fermentação, sendo a última na própria garrafa. Quando provei a dubbel, li sobre uma dupla inserção de malte. Contudo, aqui nas descrições dos estilos é dito que o termo "tripel" seria também relacionado à quantidade de malte, e não à fermentação. Bom, o fato é que a dubbel que provei, da Affligem, não me agradou justamente pelo malte tostado. Já a tripel não apresenta essa característica, ainda que a diferença seria na inserção a mais de malte. Daí para me complicar, degustei a St. Bernardus 12 nesse final de semana e me agradou bastante, ainda que seja uma quadrupel e escura, não notei o malte tostado. Bom, fiquei confuso então em saber: a dubbel é sempre com malte tostado? De fato o que diferencia os 3 estilos é basicamente a quantidade de malte, ou há outros fatores relevantes?

Valeu!

Rodrigo, São três estilos diferentes, o que os une é que são ales fortes da escola belga. Esqueça um pouco a correlação numérica sugerida pelos nomes. mas para saber mais detalhes dos parâmetros para cada estilo, olhe o Guia de estilos do BJCP, existem outros guias, use como referência para identificar o que você lê nos rótulos:
www.bjcp.org/2008styles/style18.php

quadruppel, por exemplo, ainda nao entrou como um estilo específico neste guia, elas aparecem nos exemplo do belgian dark strong ale(18E).

É uma denominaçao antiga, referente a lavagem do malte durante a produção. O primeiro mosto, mais forte, era enviado a tina de fervura e marcada com XXX. Depois lavavam o malte e jogavam em outra tina, marcavam com XX apenas por ser mais fraco, e a terceira lavagem, a mais fraquinha, com 1 X só. Por isso os nomes tripel, dubel, e a mais fraquinha que era bebida diariamente pelos monges, se chamavam enkel, ou single.

Mas isso nao vale mais, hoje as receitas sao feitas todas com lavagem para aproveitamento total do acucar do malte, e nem se faz mais a enkel.

A quadrupel é invençao recente e não reconhecida pelo BJCP.

Engraçado que na descrição da Dubbel não há relatos de malte tostado, apenas no aroma cita que pode haver notas de chocolate / caramelo / torrada (mas nunca assados / queimados), mas no sabor não há nada. Poderia até estar equivocado, mas na avaliação da Affligem Dubbel aqui no Brejas há relatos de malte tostado, mas não com grande destaque. Talvez por ser escura eu tenha me influenciado (já que estava fazendo degustações há bem pouco tempo), ou talvez seja uma característica presente nesse rótulo, mas não no estilo - isso é possível?

O que exatamente diz no BJCP é que as dubbel são ricas em maltes, tendo estes notas de chocolate, caramelo e tostados. E curiosamente as tripels tem "baixo caráter maltoso".

Para ver o que diz completamente sobre os dois estilos: www.bjcp.org/intl/2008styles-PT.pdf

Procure pelos itens 18B e 18C.

Já a quadrupel, segundo o BJCP, se enquadra dentro do estilo Belgian Specialty Ale. Procuro pelo item 16E.

Olá, Rodrigo. A origem dos nomes é exatamente o que o Leonardo falou. Quanto a sentir malte tostado, depende de cerveja para cerveja. Algumas Dubbels ou Quadruppels usam malte torrado, outras (como a Abt12) tem sua coloração oriunda do Candy Sugar (espécie de açucar mascavo) usado na receita de diversas Ales Belgas!

Abcs