João, eu entendo o seu raciocínio: ao se lidar com gente esnobe, vc precisa mostrar algo que custe muito para elas começarem a dar valor. Ocorre que isso deseduca o consumidor normal (o "não-esnobe"), que começa a associar preço e qualidade, e aí fica aquela coisa de comprar cerveja cara porque ela é cara, para ostentar, e não porque ela é boa. É fetichismo. Além disso, será que esse consumidor super-elitizado, que compra vinhos caros para ostentar, realmente vai querer trocar seu vinho por uma cerveja, ou vai achar que está "caindo de nível"? Outro dia um amigo meu me virou e disse que precisávamos guardar dinheiro para tomarmos um dia a Unibroue 15. O motivo que ele deu: se as cervejas de R$ 40-50 que nós tomamos (La Trappe, Unibroue e Urthel, a saber) eram tão gostosas, então a de R$ 70 deveria ser muito mais gostosa! A reportagem da Veja incentiva esse tipo de pensamento.

Eu sou mais a favor de apresentar cervejas mais acessíveis mas usar exatamente aquele vocabulário empolado e até meio pernóstico que se usa para descrever os vinhos. "Corpo elegante e aveludado, com toques frutados frescos e de especiarias, perfume floral e amargor delicado". Quem vê acha que é um super-vinho de R$ 100, mas é uma Eisenbahn Strong Golden Ale de pouco mais de R$ 3,00. Aí as pessoas começam a se questionar: mas não é isso que falam também dos vinhos caros (lembrando que, na maior parte das vezes, elas nem conseguem perceber essas coisas nos vinhos)?? Se ficar na faixa de preço do vinho, a pessoa vai pensar: "por esse valor, prefiro tomar um vinho."

é verdade alexandre. até mesmo entre os vinhos esse tipo de efeito acontece, pois meu pai gosta muito de tomar vinhos e ja experimentamos vinhos de mais de R$100 muito bons, porém alguns de +-R$30 são a altura ou até melhores...provando que preço não é qualidade. Da mesma forma que vendem em um bar por aqui budweisser a 5 reais, enquanto qualquer eisenbahn fik por R$3,5 ou 4 reais...e o pessoal adora tomar budweisser, "porque é importada"...os valores estao equivocados!