Ricardo Martins Sangion escreveu:

Igor Garcia Pereira escreveu: Obrigado pela resposta.
Entretanto, com a sua explicação, continuei com a impressão de que o grande problema não é que o bar não pode oferecer preços melhores, o problema é que o vocês não querem, porque, resumindo o que você disse, daria mais trabalho atender mais clientes do que atualmente. O que provavelmente não é um problema no momento porque o bar tem uma clientela adequada que garante o funcionamento do bar.

Igor, deixa apenas corrigir algumas palavras usadas:

"problema é que o vocês não querem" - nao é que a gente nao quer, mas sim que a gente nao pode, pura matematica.
"daria mais trabalho atender mais clientes do que atualmente" - o correto é falar que daria mais despesas e nao trabalho, porque de trabalho a gente nao tem medo, veja por exemplo todo o investimento que fazemos aqui no site e na cultura cervejeira como um todo.

Entrando um pouco mais nos detalhes:

Existe um conceito de Financas chamado "margem de contribuicao", e é sobre ele que me refiro quando falo que vender mais nao necessariamente significa ter mais lucro. Nao vou descreve-la pois acredito que esta muito bem feito aqui, aos leitores que tiverem interesse: pt.wikipedia.org/wiki/Margem_de_contribui%C3%A7%C3%A3o

Quando voce aumenta as vendas sem aumentar os gastos alem do CMV (custo da mercadoria vendida), voce tem mais lucro.
Quando voce aumenta as vendas e isso gera aumento de despesas variaveis, como mao de obra e energia, e tambem de custos fixos, como necessidade de ampliacao do espaco, voce tem que rever toda a composicao financeira do negocio. O que era lucrativo antes, apos a expansao, pode ser deficitario.

Muitos negocios nao tem a opcao de crescer um pouco pois isso demanda novos funcionarios e novos investimentos, e o aumento de vendas nao e' consideravel o suficiente para cobrir os novos custos. A solucao seria ou crescer muito, ou nao crescer. No caso do Brejas, isso acontece. Se eu faco uma promocao na quinta-feira, como a Quinta-Eisenbahn, ofereco um produto que chega com o mesmo CMV, porem com um preco pela metade, com uma marge de lucro muito baixa. Porem, tenho que contratar extras na mao de obra de atendimento e as vezes tambem no caixa, o que aumenta meu custo variavel daquele dia. Se a conta for mal feita ou se chover e nao aparecer o numero de clientes que eu esperava, meu custo continua o mesmo e terei prejuizo na noite.

Enquanto eu conseguir aumentar a frequencia e permanencia, sem impactar meus custos, consigo mexer em preco pra atingir o ponto ideal.

Isso pq estamos falando apenas de despersas variaveis e custo de mercadoria, nao estamos falando da imensa lista de outros desembolsos que muita gente nao sabe ou nao lembra que um estabelecimento comercial e um bar tem que pagar. Impostos, taxas, manutencoes obrigatorias para ficar dentro da lei, seguros, contas de luz, agua, gas, telefone, TV a cabo, seguranca, sistema de informatica, reposicao de copos quebrados e furtados e assim vai.

O que o Ricardo disse está totalmente correto, digo isso por experiência própria. Trabalho no ramo agrícola, produtor rural de tomate. Chegamos a ter 100 funcionários e 30 mil caixas de tomate por mês, era um inferno e ñ se via dinheiro, hj temos 8 funcionários e trabalhamos com uma média de 3 mil caixas por mês, e agora sim o negócio está estabilizado. O que ninguém ou quase ninguém tem ideia é de como é caro "funcionar" o negócio no Brasil, ainda mais quando se trata de artigos que ñ são tão difundidos ainda, como é o caso das cervejas de verdade, que possuem preços altos desde a saída da fábrica e chegam na mesa do cliente pagando doses cavalares de impostos. Funcionar dentro dos conformes é caro minha gente, e podem ter certeza de que ninguém quer ver o seu negócio afundar ñ...

Igor Garcia Pereira escreveu: @Alexandre: Não sei se a mensagem foi direcionada pra mim mas só queria dizer que eu tenho experiência na área. Fui gerente de um restaurante nos EUA por 5 anos. Sei que a realidade no Brasil não é mesma mas o princípio é basicamente o mesmo.

E como você mesmo disse, mudemos de assunto. Desculpem o incômodo.

Igor, desculpe se pareci rude ou arrogante, não foi nesse tom, mas sim num tom de debate mais acalorado.
O que eu quis dizer é: A matemática para ter um empreendimento não franqueado, não é tão simples assim. Você cria uma marca, você monta um negocio, gasta um fundo bom para se firmar depois de muito suor e dinheiro JOGADO FORA, (porque você sabe que $$$ pago em inumeros impostos vão pro ralo =bolso de alguem). Agora que se firmaram ,tem um TIPO de clientela e ganham um lucro medio ja garantido, vão mexer pra quê? Time que ta ganhando não se mexe. Vocês tem que olhar na perspectiva do empreendedor e não só querer que o preço baixe porque não tá barato. Eu fico frustrado pq os preços de cervejas que qndo fui pra Miami aguei menos de U$2,00 na liquors qndo vou comprar em sites (que sao bem mais baratos que em bar) sai por mais de 20 reais, vide as LOST COAST por exemplo.
Reiterando, TUDO está caro no Brasil, mas como sobe 0,10 por mes ng percebe quando poe no carrinho de compras. Vamos votar melhor esse ano. Quem sabe meus bisnetos aproveitem um brasil (com "b" minúsculo hoje) melhor.

lembrando que 2 dolares = R$ 5,00

o preco de la nao tem imposto na etiqueta, so no caixa, que varia de 5 a 8%.
Aqui a grande diferenca é que, mesmo custando os mesmos 5 reais, a cerveja ganha uns 40% de imposto e vai pra R$ 7,00 ou mais, que são precos que encontramos em supermercados pras cervejas de 355ml de cervejarias um pouco maiores, como Bamberg e Eisenbahn, portanto nao estamos falando de nenhuma grande diferenca.

Ricardo Martins Sangion escreveu: lembrando que 2 dolares = R$ 5,00

o preco de la nao tem imposto na etiqueta, so no caixa, que varia de 5 a 8%.
Aqui a grande diferenca é que, mesmo custando os mesmos 5 reais, a cerveja ganha uns 40% de imposto e vai pra R$ 7,00 ou mais, que são precos que encontramos em supermercados pras cervejas de 355ml de cervejarias um pouco maiores, como Bamberg e Eisenbahn, portanto nao estamos falando de nenhuma grande diferenca.

Por isso nao vemos cerveja de micro por menos de R$10,00 na prateleira. A Eisenbahn (BrasilKirin na verdade) só consegue preços menores (<R$6,00 em quase todos) porque produz em larguissima escala, fora o fato de terem um baita GORDURA pra gastar.
Agora o que ninguém fala é que no brasil paga-se imposto na produção, na distribuição, na venda.... Quando importa-se então.... É imposto em cima de imposto, se pelo menos a educação e saúde publica fosse boa pra nao pagarmos particular poderiamos beber todas essas cervejas neste preço sem reclamar

Alexandre LC escreveu: Por isso nao vemos cerveja de micro por menos de R$10,00 na prateleira. A Eisenbahn (BrasilKirin na verdade) só consegue preços menores (<R$6,00 em quase todos) porque produz em larguissima escala, fora o fato de terem um baita GORDURA pra gastar.

Isso não explica por que mesmo antes da Eisenbahn ser vendida pra Kirin ela já tinha os preços que tem sem ter um terço da distribuição que tem hoje e que a Baden-Baden por exemplo, apesar de também ter sido comprada pela mesma empresa não tem o preço tão baixo quanto a Eisenbahn.