Criada em São Paulo pelos irmãos David, Rafael e Alexandre Michelsohn, a cervejaria "Júpiter" é mais um exemplo bem sucedido de como uma cerveja que começa na panela de casa pode sim virar negócio.
Curiosamente, o nome planejado para batizar a cervejaria era "Tupã" - deus indígena do trovão - mas quando os irmãos notaram que a fermentação estava se parecendo com a atmosfera do planeta Júpiter, mudaram o nome. Afinal, assim como Tupã, Júpiter também é um deus - só que romano.
JÚPITER 10 LÙPULOS
Lançado em agosto de 2015, o rótulo propõe uma 'Imperial IPA' com amargor de 80 IBU e 10 variedades de lúpulo: "Amarillo", "Ahtanum", "Cascade", "Centennial", "Citra", "Columbus", "Equinox", "Motueka", "Simcoe" e "Topaz".
*Unidade produzida sob contrato na fábrica da cervejaria "Blondine", em Itupeva (SP).
Líquido amarelo escuro, ligeiramente enevoado. Na taça exibe abundante formação de creme bege claro de alta retenção.
Boa presença de malte caramelizado acompanha o aroma de lúpulos cítricos/frutados/herbáceos. Compota de laranja, tangerina, limão, carambola, grama cortada e doce de cidra são algumas das possíveis associações olfativas. A combinação é agradável, mas falta intensidade.
Na boca, poderosa doçura caramelada vem ao centro, fornecendo maciez e suculência aos elementos predominantemente cítricos/frutados que antecedem um amargor rígido. Notas pontuais de casca de laranja, 'grapefruit', carambola e tangerina surfam sobre um corpo denso, quase licoroso. Um amargor ríspido cruza o final igualmente doce e melado, culminando num retrogosto resinoso de considerável adstringência. Média 'drinkability'.
No geral, uma 'Imperial IPA' agradável, mas que não chega à altura de sua pretensão. Sejam 10, 15 ou até mesmo 20 lúpulos - tanto faz a pluralidade se não estiver a serviço de uma experiência genuinamente distinta. Nesse sentido, a Júpiter aqui deixa a desejar.