Tripel Karmeliet

Abri as duas de tamanhos diferentes (750 e 330) na mesma noite, para compará-las. Já havia tomado esta breja, mas não tinha postado nada aqui...
Dourada transparente. Espuma de alta consistência, formando um belíssimo belgian lace no copo ao tomar-se.
Quando abri, fez gushing (a de 750ml). E o perfume se espalhou por toda a sala.
Perfumada. Aroma bem frutado de cítricas e secas (damasco), pouco floral e também de nozes.
No paladar ela é bem frutada, e um leve floral. Tudo seguindo o aroma.
Na sensação de boca que senti diferença dos envases, a de 330 pareceu mais carbonatada, (e, para quem estava comigo, mais leve). Seca no final e achei quente (isso muito mais presente na de 750ml). Percebe-se de leve o alcool.
Sensacional!

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Bela loira. Frutada, retrogosto de pêssego. Alcóolica.

Líquido de coloração amarelo-alaranjada, turvo. Creme alto, consistente, e de alta persistência. Carbonatação média-alta.
Aroma pronunciado floral e frutas cítricas, especialmente damasco. No sabor, notas de frutas cítricas, mais uma vez damasco, e toques florais e levedura que trazem um frescor maravilhoso ao longo da degustação. O final é curiosamente seco e o álcool, muito bem inserido, aparece mais claramente. O retrogosto é amargo, seco e longo. Cerveja muito leve à boca.
Tripel Karmeliet é uma representante fidedigna do estilo, maravilhosa. O final amargo com desprendimento do álcool a torna muito refrescante e limpa o paladar de alguma nota frutada doce que possa ser enjoativa. Muito elegante.

A Tripel Karmeliet é do estilo Belgian Tripel (sub-estilo do Belgian Strong Ale), que caracteriza cervejas de alta fermentação, claras ou escuras, equilibradas, saborosas, complexas, alcoólicas e que utilizam na receita algo como 3 vezes a quantidade habitual de malte. Com mais "alimento" as leveduras permanecem em ação por mais tempo e o resultado é uma gama maior de aromas, sabores e álcool, por exemplo, do que numa dubbel e menor do que numa quadruppel, em regra. A receita da Karmeliet leva três grãos nobres: trigo, aveia e cevada.

Diz-se que a receita remonta aos idos de 1679, época em que era produzida num Convento de Irmãs Carmelitas na cidade de Dendermonde, norte da Bélgica. Atualmente é fabricada pela Cervejaria Boostels, cuja história vem desde 1791 na cidade de Buggenhout (distante 10 km de Dendermonde). No portfólio há a mítica Deus e a Kwak com sua taça "sui generis".

Mais uma representante do seleto grupo das "25 imperdíveis" a breja vem numa garrafa de 330ml, com belo rótulo colorido ornado com textos em letras medievais e estilizado com freiras no campo de uma fazenda realizando a colheita de cereais. No contra-rótulo há referências a prémios recebidos, temperatura de serviço e demais informações.

Vertida na taça revelou um líquido com coloração dourado claro, translúcido, com espuma branca, espessa, consistente, de ótimas formação e persistência, que deixou rendas nas laterais e que manteve uma tampa residual até o final. Perlage (bolhas) perceptível.

O aroma é complexo e frutado, tendo apresentado pronunciadas notas de baunilha, malte, cítricos (limão e laranja), cravo, reminiscências de damasco e leveduras e algum lúpulo floral.

O sabor é igualmente complexo, próprio das tradicionais receitas belgas. No paladar o líquido aveludado (por conta da aveia) apresentou iniciais notas maltadas e adocicadas de mel, pêssego e banana, além de especiarias (coentro), leveduras, talvez algum sutil lúpulo herbal e álcool cujos 8,4% de ABV é discreto. O final é bastante seco, amargo e longo. A carbonatação é de média para alta e o corpo é leve. A drinkability é espetacular!

É difícil imaginar como tanta complexidade pode redundar em um conjunto de soberbo equilíbrio e que proporciona uma degustação tão prazerosa.

Degustação obrigatória!