Cerveja cultuada por muitos frequentadores de botequins na eterna "guerra dos iguais" que caracteriza o nosso mercado das American lagers, a Serramalte pode, como toda boa representante do estilo, mostrar-se uma cerveja deveras agradável e competente no que se propõe a fazer caso você a pegue sem defeitos, como tive a felicidade de bebê-la esses dias. Mostrou-se uma cerveja saborosamente maltada e equilibrada no paladar. A aparência teve bom desempenho, com o líquido daquela cor sem graça típica do estilo, mas com uma excelente espuma, bem consistente, formando relevos e deixando marcas no copo. Aroma pouco expressivo, com presença do malte de cevada e uma agradável ausência de defeitos, o que fez com que ela se tornasse espantosamente fácil de beber. Na boca, de novo o malte, saboroso, mostrando um certo sabor de "grãos crus" na entrada e um final rico e macio com pão, pão doce e mel. O lúpulo aromático mostrou-se pouco presente, mas havia um sutil toque mentolado no fundo da boca, insuficiente para quebrar o malte. Sem esterificação relevante. O paladar é equilibrado, com evolução descomplicada: um amargor predominante na boca dá lugar a um final adocicado e maltado, de boa riqueza e média duração, possivelmente seu ponto alto. O corpo é leve e aguado, e o álcool apareceu um pouquinho, o que não deveria. No mais, assim, limpinha, mostrou-se saborosa, com um perfil maltado e um amargor inicial que a distinguem (OK, muito de leve) de outras concorrentes. O sabor do malte a deixa um pouquinho enjoativa para o meu gosto - considerando-se o estilo, claro. Se fosse mais intensa, tenderia mais a uma Münchner helles do que a uma Bohemian pilsner, digamos assim, com assumida condescendência.
Boa aparência, espuma grande e um tanto duradoura, cremosa, algumas bolhas, branca. Coloração dourada. Bom laço. Aroma com malte leve, ares de cereais, pão, leve palha, lúpulo leve, algo floral e traços de ervas. Leve milho e leve tempero. Sabor de curta duração, com amargor entre leve e médio, traços de álcool seguindo o aroma sem presença de lúpulo. Final meio duradouro e meio amargo. Carbonatação vívida. Corpo entre leve e médio.
Que terá acontecido à Serramalte? Ela era uma das melhores lagers disponíveis no mercado brasileiro durante os anos 90 e, junto com a Original, decaiu lamentavelmente.
Uma lager popular, porém com um diferencial das demais da Ambev: um suave amargor com que faça com essa cerveja se destaque em relação às outras - com pouco destaque, aliás. Sem aroma, retrogosto desagradável e até se percebe um gosto metálico.
Quando não se tem outra (Heineken ou Bavária Premium), essa é a minha preferência para barzinhos quando o intuito é ver os amigos e beber por beber. Recomendada também para churrascos.