Wäls Unique

Servida na tulipa apresentou coloração alaranjada com espuma branca de boa formação e média persistência. No aroma temos caramelo, vinho verde português, sorvete de coco, pera, baunilha e doce de banana. O sabor segue o aroma, complementado por Cointreau, rum Malibu (ah, minha adolescência nos anos 1990! rsrs) e médio amargor. Perde pontos no conjunto devido ao fato do álcool não estar bem inserido.

Ótima surpresa da Wäls. Trata-se de uma barley wine com perfil de maltes claros, produzida com maltes de cevada, aveia e trigo, e maturada em dornas de cerejeira (outro nome para nossa já conhecida umburana). O perfil limpo dos maltes dá à umburana chance de brilhar em toda a sua complexidade e sua força - a madeira talvez até esteja um pouco intensa demais para quem prefere uma cerveja mais equilibrada. Garrafa arrolhada com uma cobertura de parafina bem incômoda, que atrapalha na hora de abrir. Na taça é alaranjada clara e profunda, com um creme de desempenho bastante razoável se considerarmos seus 12% de álcool. No aroma, uma pancada de doçura: muito doce de leite, mel e chocolate branco, abacaxis em calda e pêras cristalizadas, rosas e uma presença avassaladora da madeira, trazendo cocada-preta, coco branco, cachaça, baunilha, móveis coloniais e bastantes especiarias doces (canela e noz-moscada). A umburana traz uma pegada meio forte de "madeira verde" que poderia ser mais amena. Tudo é bem intenso - esta não é uma cerveja elegante e sutil, mas uma receita de impacto. Na boca, o amargor até é intenso devido aos 100 IBUs, mas fica completamente ofuscado pela enorme doçura residual, conduzindo a um final doce, alcoólico e picante. O corpo é grosso, cremoso e aveludado devido ao uso da aveia, com carbonatação suave e sem adstringência. O álcool é excessivo, mas ainda agradável. No conjunto, é uma cerveja intensa, em que a madeira é a protagonista absoluta. O perfil claro de maltes, aliado à doçura. ressalta as sensações doces da umburana, gerando um casamento muito interessante entre a cerveja-base e a madeira. Ponto para a Wäls pela idealização da receita e pela escolha da madeira para complementar a cerveja. Acho apenas que os sabores da madeira e o álcool ainda estão excessivos, de modo que um período curto de guarda (1-2 anos) ajudaria a integrar melhor o conjunto.

Coloração dourada brilhante e translúcida.
Espuma branca, pouco perene, de baixa formação e pouca duração.

Aroma proeminente de madeira polida, verniz, figo e um pouco de frutado (laranja). Álcool percebido assim que servida no copo.

No sabor o álcool é bem forte no início, porém sem tanta rispidez, queimando levemente o fundo da garganta. Leves notas frutadas de figo e frutas amarelas talvez damasco. Presenças de notas fenólicas desagradáveis. Altíssima resinosidade da madeira, com leve adstringência, parece mais aquelas madeiras polidas. Final alcoólico, resinoso e seco. Esse desequilíbrio entre malte, madeira e álcool me decepcionou bastante, ficou uma cerveja difícil de se beber até o final. Pelo fato do seu corpo ser muito leve e ter pouca carga de malte não conseguiu sustentar, suavizar, esse teor alcóolico de 12% e a madeira.
Se a proposta for deixar guardada por um tempo para ser envelhecida, quem sabe melhore suavize essa potência alcóolica e resinosidade extrema.

Textura aveludada, carbonatação alta e corpo leve.

Parece que bebi uma cerveja com cachaça, em cima de uma mesa recém polida e envernizada.