Berliner Kindl Weisse

Coloração dourada translúcida com creme branco de média duração. Aroma e sabor cítricos, com final que causa salivação. Refrescante.

No aroma temos pão, melão e aveia. Na boca é seca e ácida, contando ainda com notas cítricas e salgadas. Durante a degustação lembrei-me dos tradicionais vinhos verdes portugueses. Não conheço o estilo e confesso que tive certo estranhamento ao tomar uma Berliner Weisse sem o xarope que geralmente a acompanha.

A Kindl é uma das poucas cervejarias de Berlim que sobreviveram até os dias de hoje produzindo o estilo Berliner Weisse em sua terra natal. Lá, a cerveja é vendida comercialmente como base para misturas com xaropes adocicados e aromatizados, mais ou menos como, aqui no Brasil, se bebe a "soda italiana" misturando água com gás com xaropes de frutas. Só que, lá, usa-se esta cerveja no lugar da água com gás. O rótulo traz a expressão "Dar Original zum selbermixen", que significa "a original para misturar você mesmo". De fato, a cerveja parece não ter sido pensada para ser bebida sozinha: há pequenos defeitos e arestas que são mascarados quando você adiciona o xarope, mas que se evidenciam bastante quando ela é degustada pura. No copo, apresenta uma coloração palha muito clara, com matizes esverdeados, e espuma alta mas bastante fugaz. No nariz, uma sensação definida de cerveja sem álcool: flocos de milho, legumes cozidos, cheiro de mosto e fósforo, indicando que o baixo teor alcoólico de 3% provavelmente é atingido por interrupção precoce da fermentação. Em segundo plano, aroma lático, traços de pão branco, banana e um floral de gerânios, bem alemão. Na boca, a acidez predomina do início ao fim, mas sente-se uma breve doçura de malte ao engolir, substituída depois por um retrogosto seco e apetitoso que puxa novo gole. Nada muito intenso: é uma cerveja seca e ácida, mas muito refrescante e fácil de beber. O corpo é super leve (como pede o estilo), até demais, com textura aguada semelhante à de cervejas sem álcool. A sensação final é a de que a cerveja não é produzida para ser bebida sozinha, o que reflete o caráter mais comercial da cervejaria Kindl. Há versões mais bem-acabadas do estilo de outros produtores alemães e internacionais, mas esta é a primeira que chegou ao Brasil e uma das tradicionais de Berlim. Vale a pena a prova para conhecer o estilo: apesar dos defeitos, é uma cerveja leve, refrescante e apetitosa. Mas também vale a pena procurar outras versões.

Aroma frutado e ácido. Sabor do fermento, ácida, leve azedo, trigo, leve malte, um pequeno amargor é um doce azedo ao fundo com final seco.
Eu adorei esse estilo, leve refrescante e o azedo não é enjoativo tomar as outras...

Bem, a minha avaliação vai para a cerveja como tomada no modo berlinense, com o tal xarope, em tacinha de drink e com canudo (pois é...). Escolhi a "rot" (vermelha). Assim, o líquido se torna um vermelho bem vivo, de espuma rala porém alta, rosada. Todo o aroma e o sabor ficam tomados pela mistura, algo entre cereja e framboesa. Alta carbonatação aparente, ligeiramente azeda (mas nem perto de uma lambic por exemplo, embora a comparação não seja bem justa mesmo), e um pouco doce. Foi legal finalmente ter contato com esse estilo extravagante estando justamente em Berlim, mas, quando tomada assim no modo tradicional, pode dividir totalmente as opiniões.