Aparência: líquido escuro, fosco com nuances brilhantes em castanho-escuro, como um café de torra intensa. Espuma cremosa, densa e caramelizada. Oleosa.
Aromas: quando gelada, na taça de conhaque: café torrado é a primeira impressão, caramelo, açúcar mascavo e doce. O café torrado não é amargo, mas melado como de padaria antiga. Quando esquenta um pouco, na taça Glencairn, tem açúcar queimado, quase me lembrou a maravilhosa Colorado que esqeuci o nome, ao esquentar sobe melaço de cana, mas o café é onipresente. Sensação oleosa.
Paladar: gelada tem grãos de café torra média, sente-se a colaboração sedosa da aveia, mas não traz a intensa cremosidade de uma bácara escura ou as melhores oatmeal norte-americanas. Agora veio um amargor, não de café, mas de algum lúpulo. Bem menos doce do que no aroma, maltosa, mas com malte escuro tipo Munique ou Karamel. Para uma cerveja de 5% de fato é cremosa, mas não é uma RIS, e acredito que está mais para Stout do que para Oatmeal. Ao esquentar grãos verdes de café, amargor médio de lúpulo e um pouquinho de café expresso.
Escura na taça, com reflexos amarronzados, turva. Fez espuma beje escura de baixa altura e curta duração, permanecendo discreta auréola.
Aroma adocicado, percebe-se chocolate, avelã, tostado e café.
Na boca possui corpo denso. Carbonatação baixa. Leve de álcool.
No sabor é surpreendentemente seca! Percebe-se o café com boa acidez, discreto chocolate amargo e leve sabor terroso.
Retrogosto curto e seco, permanecendo leve acidez e adstringência.
É uma stout interessante, mas faltou punch! Faltou sabor. Minha versão é de 5% ABV e acho que deveria ser mais alcoólica.
Mais cedo naquela manhã, havia me perguntado: "qual breja mais adequada para acompanhar uma final de Copa do Mundo entre Argentina e França: uma oatmeal stout ou uma american pale ale?" Acredite-me: a decisão que a princípio pode parecer fácil, na realidade não o é! De um lado, um estilo britânico caracterizado pelo admirável negrume torrefado ao extremo de uma combinação de maltes (eventualmente complementados pelo méleo amargor adstringente da aveia), do outro, um estilo de alta fermentação representante do novo mundo que aprimorou (com 'lúpulos próprios') sua contraparte britânica, a chamada bitter. Arriscaria dizer que o lúpulo costuma ser o craque do time, mas repare que uma excelente cerveja não precisa que o lúpulo se destaque tanto para que o conjunto brilhe em campo... e este é exatamente o caso das boas porters e, consequentemente, das stouts. Neste inevitável embate entre europeus escurecidos e americanos ebúrneos, fiquemos com a stout pois acredito ter ela recursos cuja harmonia irão além de sua pretidão coroada pela espuma acastanhada de boa formação. A Paulistânia Largo do Café ocupa o copo com a propriedade que o estilo exige, emana um aroma tostado com boa presença de café e tem sabor encorpado, com notas torrefadas de café, caramelo e doce de leite, adstringência aparece sim, em moderada intensidade. No final das contas a Argentina venceu, e a Paulistânia Largo do Café me acompanhou em um dos jogos mais emocionantes que já vi.