Espuma bege, cremosa e perene, com microbolhas de permeio, de elevadíssima formação e duração. Persistindo uns dois/três dedos por um bom tempo.
Aroma proeminentemente cítrico do maracujá, com um leve floral dos lúpulos americanos. Notas suaves de malte torrado e de cacau são percebidas.
No sabor uma explosão de lúpulos logo de cara. Um amargor inicial e arrebatador, dos lúpulos americanos formam a base da cerveja, mesclado com um sutil cítrico e frutado de maracujá. Um leve torrado e caramelado no meio até o final do gole mesclam harmoniosamente. Final prolongado de um amargor “lupulento".
Textura aveludada/cremosa, quase licorosa.
Carbonatação média e corpo alto.
É a união de duas coisas que mais gosto em uma cerveja, os lúpulos americanos de uma boa IPA (Centennial) e a torrefação, dos maltes torrados e café.
Temperatura de degustação: Sete graus Celsius.
Cor: Negra com poucas nuances avermelhadas.
Creme: Excelente formação de creme marrom, denso, consistente, muito persistente e que deixa muitas marcas na taça.
Aroma: Bastante lupulado, floral e cítrico, de aromas frutados com sugestão de manga.
Sabor: Enquanto no aroma o que predomina são as notas típicas de uma IPA, o paladar inicialmente apresenta mais sabores torrados. Ao longo do gole a sensação torrada funde-se com sabores lupulados, gerando um final amargo e bastante persistente e seco. O álcool aquece, mas apresenta-se bem inserido, breja de excelente drinkability.
Preta, boa formação e duração do creme(denso) que deixou marcas por todo o copo, média/alta carbonatação, corpo médio;
Aroma muito intenso, herbal, mato, grama, cítrico. Tão intenso que não deu espaço para outros aromas aparecerem nem em segundo plano;
Sabor amargo, com tostado, chocolate, café e herbal. Retrogosto delicioso amargo, tostado e café.
Excelente cerveja, essa combinação em uma IPA ficou maravilhosa.
Esta Serra de Três Pontas Cafuza vem descrita como sendo do estilo Black IPA, este um estilo ainda embrionário e que até o momento não se encontra sistematizado no BJCP. 'Estilo' originário dos EUA caracteriza cervejas de alta fermentação que mesclam as características de uma American IPA (ou DIPA) - intensas e refrescantes e cujo carro-chefe é a elevada carga de lúpulos cítricos (tão na moda), com maltes escuros/torrados (comuns nas stouts). O resultado é uma cerveja de coloração mais escura e percepções sensoriais de notas tostadas, diferenciais em relação a uma IPA 'normal'.
Eleita em 2012 como a melhor cerveja caseira, leva na receita água, malte de cevada (torrado e caramelo), lúpulo (variedades americanas – Amarillo, Willamette, Simcoe e Centennial – a depender da brassagem) e fermento. Talvez pudesse ser descrita como ‘specialty beer’, tendo em vista parecer haver uma mescla de estilos – Imperial IPA + Black IPA. Por outro lado, a rigor, Black IPA ainda é um candidato a estilo.
É cria da empresa Cervejas Sazonais, criada pelas cervejarias caseiras Serra das Três Pontas, de Bruno Moreno de Brito, Prima Satt, de Leonardo Satt e Noturna, de Luciano Martins Silva. A Cafuza foi produzida nas instalações da Cervejaria Invicta de Ribeirão Preto, mediante locação dos equipamentos, e a brassagem totalizou cerca de 3.000 litros. Quanto ao portfólio parece ser bem servido, mas como não chegam até o interior do Paraná (uma lástima!) tive que pesquisar e encontrei o que segue:
- Touro Sentado (American IPA); Moby Dick (Hefeweizen); Cafuza (Imperial India Black Ale); Mameluca (Imperial rye brown ale); Barbier (Imperial Pilsner); Capitão Ahab (Weinzenbock); Tio Sam (APA); Bonitinha, mas ordinária (Ordinary Bitter) e a Antraz (Imperial Hopfenweisse).
- http://birrinhas.com/cinco-cervejas-da-cervejaria-serra-de-tres-pontas/
Lote 118 (? – pensei que fosse o 01) - validade junho/2015. A garrafa é de 310 ml, cor marrom, tampa preta (com o símbolo da cervejaria Invicta) e o criativo e sagaz rótulo revive publicações antigas dos jornais de época, nos quais as fotografias vinham em preto e branco e emolduradas. Estampa este rótulo a figura do que seria uma mulher mestiça (índio + negro = cafuzo), daí o nome da breja – ela também uma mistura de estilos. Logo acima da figura o alerta ‘Cerveja Forte Escura’ e o nome da dita em fonte maior – ‘Cafuza’. Nas laterais do rótulo constam informações sobre harmonização, copo ideal (snifter), temperatura de serviço (4 – 7ºC), ingredientes, IBU (110!), graduação alcoólica (ABV 8,5%) etc.
Vertida na taça revelou um líquido de coloração negra, opaco mesmo, com nuances amarronzadas (ao ser posto contra a luz) e não translúcido. Apresentou uma consistente espuma marrom de bela formação, densa e medianamente volumosa, com bolhas médias e de destacada persistência. ‘Lágrimas’ escorreram pela taça, assim como algumas efêmeras e serelepes ‘rendas’. Por fim, um fino alo de creme restou perene e solidário ao pouco líquido que ainda restava na taça. Perlage (bolhas) não perceptível.
O aroma se apresenta saliente, com boníssima complexidade e se espalha como que a envolver a face deste degustador. Pude sugar notas maltadas com percepções de caramelo, toffee e torrefação que denotam café e chocolate amargo, bem como açúcar mascavo, fermento que lembra panificação, vincado caráter lupulado com nuances herbal e de frutado cítrico que remete à laranja e maracujá. O álcool volatiza bem.
O líquido perfaz uma textura licorosa e as impressões olfativas se repetem com um início bastante adocicado proveniente de notas maltadas com percepções de caramelo, toffee e açúcar mascavo; há também tostado e torrefação que remete à café e chocolate amargo. Com mais intensidade assoma-se um forte caráter de lúpulo herbal e cítrico que lembra casca de laranja e maracujá, catalisando o já elevado amargor inerente à torrefação. O final é amargo, picante (herbal) e seco e o retrogosto traz uma profusão de sensações: agridoce, tostado e aquelas inerentes à torrefação. O álcool de ABV 8,5% é potente, proporciona agradável aquecimento, mas vem bem inserido. O corpo é médio-alto e a carbonatação é média. A palatabilidade (drinkability), apesar de pedir parcimônia na degustação, é superior - cerveja saborosa, fácil de beber e que faz com que surja a vontade de seguir bebendo sem parar, como que ávido por descobrir algo novo a cada gole.
Não sei se a elevada expectativa em torno da breja influenciou, mas não percebi borracha queimada, como alguns confrades, ou mesmo outro off-flavour.
Degustação prazerosa, cerveja extrema! O conjunto se mostrou equilibrado, bastante robusto e com complexidade difícil de imaginar. Tudo na breja é maximizado – muito malte, muito lúpulo e muito amargor. Equilibrar tudo isso a transformou numa obra-prima! Vejamos como evoluem os outros 3 exemplares na adega.
Ótima india black ale, aroma que lembra o café, mas que também destaca o lupulado (que poderia aparecer mais). Sabor maltado suave, com notas breves de café e caramelo. O amargor é assertivo, bastante presente. Sinto também gosto de fermento (péssima qualidade).