Safra 2006 nº 28122 tomada em comemoração ao meu 2500º filme visto.
Coloração castanha, turva. Apresentou ínfima formação de espuma bege, rala e de curtíssima duração. O aroma definitivamente é um ponto forte da cerveja, ao abrir a garrafa ele já exala abundantemente, trazendo uma complexidade assombrosa: vinho do porto, amêndoas, frutas escuras (ameixa e uva passa), amadeirado, notas terrosas (provavelmente da levedura) e um pouco de álcool, como não poderia deixar de ser com esse enorme teor alcoólico. O sabor segue o aroma, repetindo as notas, principalmente o vinho do porto e as amêndoas, sendo um pouco ácido e até adstringente, como bem disse o Pedro Bianchi aí embaixo; o final é terroso, amadeirado e razoavelmente amargo, perdurando durante o retrogosto. Carbonatação quase nula. Corpo denso e licoroso. O álcool aparece menos do que eu esperava devido ao elevado ABV da cerveja, sendo sentido principalmente no final do gole. Claro que é uma ótima cerveja, mas criei uma expectativa irreal em torno dela, esperando mais do que ela de fato entregou. Ainda fico com a Ola Dubh 30.
Degustada entre outras belas e caras cervejas no dia de meu aniversário e também para comemorar o nascimento de minha 1ª filha 2 semanas antes. Essa valeu beber com os amigos.
-Aparência: Coloração marrom com o creme quase inexistente, quase sem bolhas, possui uma certa turvacidade. Parece muito com um chá mate.
-Aroma: Caramelado com açúcar mascavo, especiarias, frutas secas, muito malte, ainda maçã, uva passa e ameixa.
-Sabor: Inicialmente, um tempero doce, no meio há sabor de frutas escuras, o álcool aparece como licor. O lúpulo se mostra apenas no fim com leve amargor e adstringência, além de picância. O adocicado licoroso se mistura ao amadeirado e a cerveja vai melhorando ainda mais enquanto aumenta a temperatura.
-Tato: viscosidade licorosa/oleosa, sem crocância e sabor residual adocicado e picante com álcool em equilíbrio.
-Conjunto: cerveja muito interessante, uma das melhores de minha vida, sabor muito complexo, drinkability baixa devido ao estilo, mas é uma cerveja que bebemos muito vagarosamente apreciando cada nota em cada grau de aumento de temperatura e claro, apreciando cada real que ela custou! Custo benefício? Vale pagar caro nessa breja, pode crer!
So quem aprecia cervejas premium sabe avaliar a complexidade de aromas e sabores desta cerveja. Quase totalmente sem espuma, com aspectos muito próprios, despreende tons amadeirados e frutados. Tem sensação residual marcante. Ideal para finalizar um jantar. Acompanha muito bem sobremesas ou sozinha, quase como um licor, já que lembra esse tipo de bebida também, sem perder suas características de cerveja.
Uma das notícias que mais me deixou triste no mercado cervejeiro em 2009 foi o anúncio de que a cervejaria O’Hanlon’s interromperia a produção da cerveja que homenageia o escritor Thomas Hardy. Porque seria uma notícia tão triste assim? Apenas porque a Thomas Hardy's Ale é há anos a minha cerveja favorita. Já tive a chance de toma-la algumas vezes, inclusive uma versão 2006 e 2007 lado a lado, mas nunca me senti capaz de avaliar tal relíquia. Eis que chega o dia do meu aniversário e para comemorar uma bela degustação comparativa da minha inglesa favorita e a Biertruppe Vintage, a minha brazuca favorita. O destaque inicial vai para a garrafinha, bem delicada, que só pela medalhinha com a foto do senhor Hardy, pelo ano de produção e a numeração da garrafa, já dá pra perceber que é uma cerveja feita com todo o cuidado do mundo.
De coloração avermelhada extremamente vívida e quase sem translucidez alguma. seu creme é praticamente inexistente, apenas uma fina névoa, que desaparece quase que instantaneamente, não apagando o brilho de sua beleza, já que é bem justificado pelo teor etílico.
No aroma vem a potência frutada que remete vividamente a vinho do porto. As sensações de ameixas secas e cerejas ao marrasquino invadem o nariz com muita potência. Os maltes trazem mel e alo levemente achocolatado. Há um fundo condimentado que lembra algo como molho inglês e um toque químico de esmalte, as vezes confundido pelo aroma inebriante da sua potência alcoólica. O lúpulo aparece bem escondidinho trazendo algo mais delicado, de flores e frutas cítricas, contrastando com o perfil robusto dos seus aromas.
Na boca tem o combate intenso e intrigante entre as notas doces e salgadas. Há sim um toque frutado de vinho do porto, principalmente remetendo a frutas vermelhas, mas há também um salgado/condimentado que quebra imediatamente o forte dulçor e traz lembranças de molho de tomate e molho inglês. a acidez é pronunciada e traz até algo cítrico. Os maltes são potentes e trazem a maciez de mel, caramelo e chocolate. O amargor vem delicado, horas com toques terrosos (que se intensificam quando há um depósito maior de leveduras na taça), horas vindo com um toque de café. O aftertaste é mais adocicado, lembrando um bombom recheado com uvas. O corpo é extraordinariamente denso e aveludado, criando uma sensação macia e acolhedora, potencializada pela falta de carbonatação. O álcool é extremamente bem inserido, apesar de evidente, é extremamente acolhedor e picante. Há uma sensação marcante de adstringência, lembrando banana verde (?).
Uma cerveja pra não por e nem tirar absolutamente nada. A Thomas Hardy's Ale ainda me surpreende a cada garrafa aberta. Em comparação a Biertruppe Vintage nº1, creio que tenha perdido na vividez do aroma (e mesmo assim, a Thomas tem um dos aromas mais gostosos de todos), mas ganhou pela sensação macia na boca. Provavelmente seja uma injustiça, já que a inglesa tem 4 anos de guarda, o que pode ter dado uma arredondada nela. Se você ainda não provou esta cerveja, é melhor correr, enquanto ainda é possível achar em algumas lojas e bares. Eu já tenho umas garantidas aqui e com certeza em 2032 estarei provando uma delas, sentado de frente a lareira.
Safra 2006 Nº 28004. Estava no brew day da Colorado em Ribeirão Preto, minha primeira visita à Cervejaria e ao Cervejarium. Logo no cardápio notei algumas preciosidades, e ao ler este nome, THOMAS HARDY'S, nem olhei pro preço e chamei logo o garçom. A garrafa veio na temperatura certa. Ao servir notei logo a ausência de espuma e carbonatação, bem pouco, como que tirando uma cerveja do fermentador para medir a FG. Lógico, é assim mesmo que ela é engarrafada, sem carbonatação ou primming, direto do barril para garrafa. Não sei se é a melhor das opções, mas sou obrigado a respeitar. Quando trago a cerveja ao nariz percebo a dimensão do que se trata, uma explosão de aromas, amadeirado, ameixas secas, frutado intenso, vinho, tostado, toffe, condimentado...impressionante. O sabor é inigualável, sente-se algum adocicado de malte, porém bem leve, acompanhado de sabores intensos de tostato, toffe, madeira, frutas secas, alcool potente mas suave. A sensação é aveludada e macia, mesmo sem carbonatação (quase zero). O retrogosto fica muito tempo, muito. Acho que 250ml é mais do que suficiente para perceber a potencia dessa cerveja. Umas das melhores que tomei na vida.