Arquivo mensal de outubro 2008

Cervejeiro da Guinness responde à Colorado

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O Movimento Quem è Você Que Não Sabe O Que Diz, deflagrado pela Cervejaria Colorado a partir de uma reportagem na qual o mestre-cervejeiro Fergal Murray, da Guinness, em visita ao Brasil, teria dito que a breja porter ribeirão-pretana Demoiselle é apenas “café, gelo e álcool”, deu resultado. Abaixo, a resposta do irlandês, já traduzida para o português, repassada ao BREJAS pela assessoria de imprensa da Cervejaria Colorado:

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Caro Sr. Carneiro,

Em primeiro lugar, quero expressar minhas sinceras desculpas sobre esse mal-entendido.

Durante a minha visita ao Brasil, eu provei algumas cervejas locais durante um evento com jornalistas, e posso assegurar-lhe que eu não tenha, em qualquer momento, dito uma palavra negativa sobre as cervejas, porque nenhuma delas chamou a minha reação negativa da forma como você descreveu. Certamente houve algum mal-entendido, talvez causado pela tradução do idioma inglês para o português, o que pode ter gerado alguma má interpretação das minhas palavras.

Como um fã de todas as cervejas do mundo todo, e como uma parte do meu trabalho, meu objetivo é promover o nosso setor – e não denegri-lo.

Minhas profundas desculpas se houve algum mal-entendido. Caso necessite de uma conversa direta sobre o assunto, não hesite em informar-me mais para que eu possa entender completamente este problema. Cordialmente,

Fergal Murray

Viagem & Cerveja – A Festa da Rosa de Cinco Pétalas

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Em Ceský Krumlov, na República Tcheca.

Por entre casinhas coloridas e irregulares ao velho estilo da Boêmia, estava deserta e plácida a ruela que dava acesso à cidade, por onde andávamos em direção ao centro histórico. De repente, atrás de nós, sons de cascos irrompem a calmaria. Automaticamente nos esprememos junto à parede caiada, quando passam por nós, altivos, cavalos engalanados transportando cavaleiros vestidos à moda castelã medieval. Eu e Fabi, minha mulher, não estávamos preparados para a surpresa. Havíamos chegado há minutos na cidade e nos instalado numa pousada na qual o proprietário — o Jan — num inglês-tcheco praticamente ininteligível, com a maior boa-vontade do mundo nos explicara que a cidade estava, naquele final de semana, “cheia por causa da festa”. Que festa? Pra não ficar chato, fingimos que entendemos o dialeto do anfitrião e saímos batido a pé em direção à cidade. Quando, então, vimos no que havíamos nos metido.

Ceský Krumlov é uma cidadezinha medieval, com castelo e tudo, situada quase na fronteira com a Áustria, cuja descrição está neste post sobre a cervejaria da cidade. A Slavnosti Petilisté Rúze, ou “Festa da Rosa de Cinco Pétalas”, é realizada anualmente na cidade sempre em meados de junho, desde o século XVI, inicialmente para festejar o aniversário da Rainha da Boêmia, Anna de Rozmberk. Durante três dias o coração histórico de Krumlov retorna à Idade Média. Por toda a cidade, desenrolam-se torneios de justa, desfiles de antigas guildas, grupos de flautistas, bobos da corte. Homens, mulheres e crianças vestem-se à moda medieval e desfilam, orgulhosos e sorridentes, por entre os visitantes. E nós estávamos lá, sem querer, exatamente no final de semana da festa.

Na praça central ergue-se um grande palco onde durante todo o dia e até de madrugada revezam-se grupos folclóricos tocando música antiga da Boêmia, bem como as danças típicas da região. Ao longo de todas as ruas, barraquinhas com vendedores também caracterizados oferecem de tudo: porcos assados inteiros, embutidos, doces, drinques, artesanato. E há, claro, a cerveja. Pilsen tcheca, naturalmente. A cada cem metros dá pra abastecer o tanque com canecas de meio litro do quilate de Pilsner Urquell, Staropramen, Gambrinus, e a breja orgulho da cidade, a centenária Eggenberg. Impossível não entrar no clima.

Entrar inadvertidamente na festa sem mesmo saber que ela existia ou o motivo pela qual era feita nos fez sentir como aqueles apresentadores do Discovery Travel and Living. Imediatamente entendemos que havíamos sido agraciados com a sorte que brinda os bravos. Esperávamos ficar na cidade apenas um dia e acabamos ficando três, enchendo a pança de prílohy (uma panqueca de batata, talvez o melhor tira-gosto que já experimentei) e com as melhores brejas pilsen do mundo.

No final, acabamos por ficar amigos do Jan, uma simpatia. Na segunda-feira de manhã, ao nos despedirmos, ele, na base da mímica, nos apontou numa das paredes da pousada um grande mapa-múndi cheio de alfinetes espetados. Logo entendemos que cada visitante que se hospedava lá perspegava um deles no lugar correspondente ao qual havia vindo. No lugar do Brasil, ainda não havia nenhum alfinetinho. Éramos os primeiros brasileiros na Slavnosti Petilisté Rúze. Ou, no mínimo, daquela pousada. Essa glória ninguém mais tira da gente.

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Aproveite a viagem e visite a nossa seção Viagem e Cerveja – dicas de onde beber as melhores cervejas.

Colorado indignada com o cervejeiro da Guinness

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Abaixo, a íntegra do comunicado transmitido ao BREJAS pela Cervejaria Colorado:

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 COMUNICADO DE INDIGNAÇÃO

Movimento “Quem é você que não sabe o que diz”

A Cervejaria Colorado vem a público manifestar sua indignação ao comentário maldoso, pouco ético e sem fundamento emitido pelo mestre-cervejeiro da Guiness, Sr. Fergal Murrey, em relação à cerveja brasileira.

Agora que a Europa está em crise, parece que as grandes cervejarias estrangeiras começam a ter um grande interesse no nosso mercado. Semana passada esteve em São Paulo o cervejeiro da Guinness Sr. Fergal Murray “a convite” da multinacional DIAGEO, para ensinar brasileiro a beber cerveja, a deles.

Foi ao Anhanguera, que só vende cervejas artesanais brasileiras, e com uma careta qualificou a cerveja Demoiselle, da Cervejaria Colorado, como  “É café, gelo e álcool”. Oras bolas, Sr. Murrey! Gosto à parte, mas paladar é fundamental nesta nossa jornada de cervejeiro. Preferimos acreditar que fôlego lhe faltou neste maravilhoso tour beergastronômico pelo Brasil. Pior ainda foi que o comentário saiu publicado no Jornal da Tarde do último dia 21/10/2008, sob o título “Em busca da loira perfeita”.

 

Em resposta a este palpite infeliz do Sr. Fergal Murray, fazemos questão de manifestar nossa indignação e desrespeito à cerveja brasileira, que com muita luta vem criando sua própria escola, com muita garra, perseverança e dedicação das micro-cervejarias.

O referido palpite do Sr. Murrey não surtiria tanta indignação se viesse de uma observação isenta, mas o texto já desde o título dita idéias eugênicas (“Em busca da loira perfeita”, como se toda cerveja fosse loura e alguma delas perfeita), e segue num tom abertamente colonizador com o cervejeiro, pretendendo ensinar o repórter a beber, ser homem e assumir o controle. Rechaçamos com veemência esse tipo de postura.

Quem nos lê sabe que a Cervejaria Colorado é brasileira com muito orgulho, e utiliza os melhores ingredientes somados a toda criatividade de profissionais respeitados e premiados no segmento para elaborar seu portifolio. E a Colorado não faz só a Demoiselle, faz vários outros tipos de cerveja usando maltes e lúpulos, é claro, mas também ingredientes tipicamente regionais, como o mel de laranjeira, a mandioca, a rapadura e o café. Isso nos difere das estrangeiras, está fazendo com que nossas vendas aumentem a cada dia, e o mais importante, estamos agradando e construindo o paladar brasileiro para as cervejas premium. Será que é isso que aflige a produção massificada a ponto de ser recebermos comentários nada éticos como o do Sr. Murrey?

Então, como ninguém da Cervejaria Colorado vai à  Irlanda espinafrar por escrito as cervejas irlandesas, resolvemos dedicar um sambinha ao Sr. Murray:

PALPITE INFELIZ

(CANÇÃO ADAPTADA de Noel Rosa, em honra a Ricardo Rosa, autor da Demoiselle)

Quem é você que não sabe o que diz?

Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!

Salve Dado, Bamberg, Falke

Wals e o Schmitt

Que sempre souberam muito bem

Que a Colorado não quer abafar ninguém,

Só quer mostrar que faz cerveja também

Fazer cerveja  em Ribeirão é um brinquedo

Temos bons chopes sabe até o arvoredo

Eu já chamei você pra ver

Você não viu porque não quis

Quem é você que não sabe o que diz?

A Colorado é uma cervejaria independente

Que tira chope, mas não quer tirar patente

Pra que ligar a quem não sabe

Aonde tem o seu nariz?

Quem é você que não sabe o que diz?

Deixamos aqui registrado nosso pesar ao paladar vicioso do Sr. Murray, que ao experimentar o novo e inusitado produto tropicalizado brasileiro não soube apreciar o que tem sido aclamado pelo público nacional. A todos os outros desejamos um brinde!

Segue o link da matéria do JT para quem quiser conferir na íntegra:

Em busca da loira perfeita :: TXT JT  



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