Arquivo mensal de outubro 2010Page 3 of 6

Próximo Curso de Cervejas Caseiras será na Cervejaria Bamberg

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Mês passado aconteceu na Colorado. Dessa, vez, vai ser na Bamberg. Definitivamente, aprender a fazer cerveja na cervejaria é muito mais interessante!

Acontecerá no dia 4 de dezembro próximo, no chão da fábrica da Cervejaria Bamberg, em Votorantim (SP), o 30° Curso de Iniciação às Técnicas Cervejeiras Caseiras ministrado pelo técnico cervejeiro Afonso Landini, sócio da loja on-line de insumos para cervejeiros caseiros A Turma Cerveja Artesanal.

O curso possui a duração de cerca de oito horas, iniciando às 9 da manhã e encerrando por volta das cinco da tarde. No módulo teórico, os alunos aprenderão sobre estilos de cervejas, máterias primas, equipamentos, limpeza, sanitização e processos cervejeiros. Mauricio Beltramelli, editor do BREJAS, ministra um módulo especial abordando análise sensorial. Graças a um kit simulador de off-flavours desenvolvido pelo Siebel Institute, Beltramelli faz com que os participantes experimentem cinco defeitos básicos que podem aparecer numa cerveja, demonstrando o que não se deve fazer para que eles aconteçam.

Após o almoço, todos são convidados a colocar as mãos nas panelas e nos maltes. Será elaborada uma receita de cerveja, iniciando pela moagem ideal dos grãos, brassagem, filtragem, fervura, lupulagem, resfriamento, inoculação do fermento, engarrafamento e pasteurização. Tudo isso, claro, regado a cervejas artesanais das boas!

As vagas são limitadas e as inscrições podem ser feitas no site da A Turma ou pelo telefone (19) 3384-2542. E lá vai a dica: As inscrições feitas até o dia 25/10 ficam mais baratas!

USP insere cerveja em currículo

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usp

A Universidade de São Paulo finalmente terá matéria específica sobre a cerveja em sua grade curricular. A disciplina “Fermentados Alcoólicos com Foco em Cerveja” será ministrada na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA-USP).

Trata-se, inegavelmente, de um animador sintoma do desenvolvimento da cultura cervejeira nacional. Enfim, parece que começamos a tratar a cerveja com a mesma seriedade dispensada aos demais alimentos, como deve ser. 

Para marcar o acontecimento, a universidade fará amanhã, 20/10, um workshop aberto ao público, abordando vários aspectos do nobre líquido. Eu também estarei lá ministrando uma palestra sobre aditivos cervejeiros e análise sensorial. Veja a programação oficial do workshop:

8:00 – 8:30 – Credenciamento da manhã
8:30 – 8:45 – Apresentação do Workshop com o Professor Titular da FZEA-USP
8:45 – 9:45 – Mauricio Beltramelli – Aditivos empregados na cerveja e análise sensorial
9:50 – 10:20 – Coffee Break 
10:30 – 11:30 – Cervejaria Schornstein – Cultura de fabricação e comercialização de bebidas artesanais
11:30 – 13:30 – Almoço
13:30 – 13:50 – Credenciamento da tarde
13:50 – 14:50 – Cervejaria Baden Baden – História da cerveja e o desenvolvimento de estilos
14:50 – 15:50 – Ambev – Processo de produção de cerveja
15:50 – 16:10 – Coffee Break
16:10 – 17:10 – Ambev – Processo de produção da cerveja
17:10 – 18:10 – Heineken: História da Heineken e sua atuação no mundo e no Brasil

Aos interessados, as inscrições ainda estão abertas, e podem ser feitas através do site da Qualimentos Jr., empresa-júnior administrada voluntariamente pelos alunos de graduação da FZEA-USP.

worksoh

Por uma cerveja que “estufe”!

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cervejacaneca

Há poucos dias os consumidores cervejeiros nacionais se deram conta que a gigante mundial do setor, Ambev, lançará na próxima semana uma tal “cerveja que não estufa”, seja lá o que isso signifique exatamente. Pra início de conversa, coloque-se que apenas os consumidores menos ingênuos perceberão que o objetivo não é o de deixar de “estufar”, mas mercadológico: a megacervejaria quer mesmo “fortalecer a marca Skol, reforçar o guarda-chuva de inovações da companhia e dar continuidade para o bom momento que a Ambev tem passado no Brasil”, nas exatas palavras do vice-presidente de marketing da companhia, Carlos Lisboa, extraídas de matéria recente do jornal Economia & Negócios.

Tirante as reais intenções da empresa — as quais, frise-se mais uma vez, não passam pelo desejo samaritano de “não estufar” o bebedor — o que realmente sobra? Qual é, de fato, o diferencial da nova cerveja, excluindo-se o fatorskol360 marqueteiro? “A Skol 360 graus é uma variedade de cerveja de baixa fermentação com um ciclo de fermentação mais curto. Ela tem um pouco menos de calorias do que a Skol normal, é menos amarga e seu teor alcoólico fica entre 4% e 5%”, explicou o mestre cervejeiro da companhia, Luciano Horn, na mesma matéria jornalística.

Jamais se questione neste artigo a excelência do mestre cervejeiro da companhia. Afinal, mestres cervejeiros são técnicos responsáveis por dar vida aos projetos dos empresários. Suas funções precípuas residem em fazer a melhor cerveja — ou, pelo menos, a com menor número de defeitos — de acordo com os parâmetros ditados por quem os emprega. Se a empresa quer uma cerveja “leve-que-não-estufa”, paciência! Os profissionais técnicos da cerveja, por vezes, engolem suas aspirações por voos mais complexos em aromas e sabores, e elaboram a cerveja projetada não por eles próprios, mas pelas pesquisas entre os consumidores-paradigma do chamado “gosto brasileiro”.

E mais uma vez se pergunta, o que resta disso tudo? Este escriba responde, sem titubear: Sobra menos cerveja. Sobra menos amargor — como se o amargor fosse um subproduto indesejável nas brejas a ser paulatinamente extirpado do “gosto brasileiro”. Sobram menos aromas e menos sabores, já que, a exemplo de outras cervejas “comerciais” esta aqui também foi projetada pra ser servida em temperaturas à beira do congelamento, amortecendo papilas gustativas Brasil afora. Sobra, na mordaz definição do amigo Marcelo Moss (um dos criadores da cervejaria Baden Baden, de Campos do Jordão), o “sonrisal alcoólico” sensaborão, a cerveja de marmita.

Não se falará nas propagandas que a água da torneira, inodora e insípida, igualmente não “estufa”. Não se falará, de igual modo, que o conceito de “estufar” ou “empapuçar” varia de pessoa para pessoa, não importando a marca da cerveja. E, claro, nem se tocará na informação, óbvia, a constatar que o que “empapuça” é, na verdade, o que é consumido em demasia — afinal, como se diz, tudo o que é demais enjoa, incluindo nessa conta a cerveja. Qualquer cerveja.

Ainda não experimentei a breja, é certo, e o farei assim que disponível. E também não sou refratário ao conceito que reza que “há uma cerveja para cada ocasião”. Está claro que uma breja mais alcoólica e complexa não rima com praia e piscina no verão brasileiro. Acontece que, vamos estabelecer de uma vez por todas, cervejas mais “refrescantes” não precisam necessariamente ser menos saborosas — ou, mais além, menos amargas! Dá perfeitamente pra aliar sabor e amargor com refrescância, e vários estilos “refrescantes” estão aí pra apoiar minha afirmação — caso das verdadeiras Pilsners ou das Helles. Quer-se refrescância com menor amargor? Opte-se pelas cervejas de trigo ou pelas Fruit Beers. Isso tudo para elencar apenas quatro dos cerca de 120 estilos possíveis no panteão cervejeiro, a maioria deles disponível no Brasil.

E é justamente em decorrência dessa variedade tangível que ouso expor a minha impaciência ante as cervejas projetadas somente para “refrescar” e cujo mérito reside apenas em ter menos defeitos. Popularizar a cerveja não significa banalizá-la. Propalar que sua maior qualidade é “não estufar” é, pra dizer o mínimo, uma tremenda trapaça intelectual, a reduzir o nobre líquido a parâmetros rasteiros e imprecisos do tipo “forte” e “fraca”, “clara” e “escura” e, bem, a “que estufa” e a “que não estufa”.

Avante as cervejas que refresquem com sabor! Loas aos lúpulos de amargor, almas que são do nobre líquido! Eia às brejas complexas e com sabor de cerveja! Por uma cerveja que, enfim, estufe!

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Mauricio Beltramelli é Mestre em Estilos de Cerveja e Avaliação formado pelo Siebel Institute de Chicago (EUA) e editor do BREJAS, hoje o maior portal sobre cervejas na Internet brasileira.



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