Pela qualidade da India Pale Ale da Brooklyn, não pude me conter em pegar mais um exemplar do estilo vindo do mesmo país. Sabia que a proposta era bem diferente, mas não imaginava que a diferença fosse tão grande assim. A cerveja do mestre Garrett Oliver, tem um paladar muito bem definido e equilibrada, o que é quase óbvio por ser um crítico das cervejas extremas. Já esta daqui, mostra como perfeitamente (espero que não) como a escola americana deve ser. Extrema com certeza é a palavra que melhor caracteriza esta IPA.
Sua aparência é muito bonita, dá gosto de ver. Uma coloração âmbar, um pouco alaranjada, com uma média turbidez e uma espuma de fazer inveja, de ótima formação e duração, mostrando também uma boa consistência.
O aroma já revela logo de cara o que está por vir. Esperava uma certa delicadeza provocada pelo Cascade utilizado no Dry-Hopping, com notas cítricas mandando ver. Que nada. O aroma é uma pancada só. Um forte herbáceo vai regendo o aroma, não dando muita chance para o cítrico, que fica a ver navios. É possível ainda sentir bem presente notas de terra úmida. Há ainda um adocicado bem discreto de mel e um caramelo um pouco artificial.
O paladar não sai muito daquilo que foi sentido no aroma, porém vem mais intensamente e acaba sendo um pouco mais desbalanceado. As fortes notas terrosas e herbáceas acabam se sobrepondo a todo o resto e quase acaba com a presença de todos os outros componentes que deveriam estar presentes. Muito discretas, as notas mais doces de mel tentam quebrar um pouco os sabores altamente lupulados, porém numa tentativa muito frustrada. O final é extremamente amargo e seco.
Uma pena que a Anderson Valley se concentre apenas em ser extrema ao meu ver, jogando o equilíbrio para escanteio. Provavelmente é bem essa a proposta, mas eu prefiro receitas que consigam juntar o extremismo ao equilíbrio, porque sei muito bem que isso é possível. Talvez para quem curte bastante o lúpulo muito mais acentuado (até minha namorada que é lupulomaníaca assumida não curtiu) seja uma boa pedida, mas para mim não desceu tão bem assim não. Ainda tenho outras favoritas no estilo
Para quem não se iniciou na magia do lúpulo está contra-indicada.
Confesso que me viciei em lúpulo há pouco tempo, devido à minha insistência nas IPAs nacionais.
Creme de duração mediana, claro com bolhas fininhas. Líquido alaranjado turvo.
Essa cerveja não tem aroma, tem perfume...Lúpulos: herbais, frutados e torrados.
O sabor acompanha o arom... digo, perfume: lúpulos, começando pelos herbais frescos até terminar no retrogosto seco e delicioso de lúpulo e malte torrados.
Ótima IPA, não recomendado para quem não gosta de lúpulo, ainda.
Coloração âmbar, com creme bege de longa duração. No aroma, predomínio do lúpulo, mas também se nota o malte. O sabor segue o aroma, com o malte equilibrando com o lúpulo. O final é prolongado, sendo uma mistura de amargo e doce. Álcool bem inserido no conjunto. Muito boa IPA, marcada por um interessante equilíbrio.
Um verdadeiro chá de lúpulo! A IPA da Anderson Valley tem características herbais tão pronunciadas e rústicas que chegam a mascarar a complexidade e o frescor do lúpulo Cascade usado em dry-hopping, dando à receita um toque mais grosseiro. Despejada na taça, apresentou uma cor âmbar acobreada de baixa transparência, com uma espuma de cor crua, volume médio e baixa persistência. O aroma é uma paulada de lúpulo: destaca-se aquele aroma meio grosseiro de capim seco, que lembra muito o aroma do próprio lúpulo em pellet. Esse aroma herbal de grama, que normalmente advém de um dry-hopping intenso, é aceito em intensidade moderada no estilo, mas aqui estava tão avassalador que acabou encobrindo a delicada complexidade cítrica, frutada e floral do Cascade. Ainda assim, notam-se, ao fundo, aromas lupulados de fruta vermelhas, grapefruit e toques sutis de maracujá e floral - que, ao meu ver, seriam muito agradáveis se não fossem mascarados pelo forte herbal. Há um sutil amanteigado do diacetil ao fundo. Se o aroma de capim seco já ofuscou o frescor do lúpulo no aroma, essa sensação se intensifica ainda mais na boca diante do intenso amargor, mas os maltes também aparecem para devolver um pouco da complexidade da receita com notas de caramelo, mel e toques sutis de torradas ao final. No paladar, o amargor é intenso a ponto de se tornar agressivo, pois não se trata daquele amargor limpo e cristalino, mas de um amargor seco e áspero, que pega na garganta mesmo. Há uma acidez considerável, toques salgados e uma doçura suave, que a meu ver não chega a contrabalancear e amaciar suficiente o forte amargor. A entrada mostra a acidez destacada, mas depois o amargor reina quase absoluto, deixando um final muito longo, seco e amargo, com retrogosto herbal, terroso e sugestão maltada de torradas. O corpo é médio, com textura seca, e o álcool mal se percebe.
No conjunto, este é um bom exemplo de uma cerveja extrema, que não propõe equilíbrio, mas que apresenta um sensação extremada. Os amantes de lúpulo poderão gostar; mas, para mim, esta cerveja não extrai do lúpulo o que ele tem de melhor a oferecer, pois ressalta suas características mais grosseiras e ásperas em vez da delicadeza de seus aromas e da limpeza do seu amargor. Tive a oportunidade de degustar esta cerveja em uma degustação comparada de IPAs com a Confraria Cervejeira Campineira, e a comparação só fez ressaltar sua rusticidade diante da complexidade e delicadeza dos aromas lupulados de outras IPAs.
Enfim, minha primeira IPA americana, e ela faz jus à fama: os 80 IBU´s são uma porrada, o amargor é intenso e prolongado a ponto de parecer interminável. O malte aparece muito bem e até equilibra o conjunto – em termos, é claro. O aroma é mais equilibrado, malte e lúpulo se equivalem e este último confere um caráter cítrico que não se nota no sabor.
É uma ótima cerveja, sem dúvida, mas R$ 20 é muito caro para uma cerveja de complexidade comum, na minha opinião. Com esse dinheiro dá pra comprar mais de 1 litro da Colorado IPA, uma substituta à altura, e ainda se prestigia uma de nossas boas produções artesanais.