Estaríamos criando “juízes robôs” de cerveja?
Por Fabiana Arreguy *
Regras existem e não são de todo ruins. Sem elas viveríamos no caos, na barbárie. No entanto é na falta de ordem que trabalha nosso poder criativo. Ideias não aceitam cabresto e se queremos incentivar o surgimento delas, precisamos abrir mão muitas vezes das regras.
Todos sabem que artistas são de certa forma loucos. Afinal é da profusão de ideias desconexas aos olhos do mundo que surgem suas criações. Fico imaginando se seria possível um genial Van Gogh criar em uma repartição pública, em meio a carimbos e processos de trabalho imutáveis…
Cervejeiros, para mim, são artistas. E por isso precisam também de um pouco de loucura, de insanidade, para dar vazão às novas criações. Copiar uma receita que lhe dá grande prazer em beber não pode ser o objetivo máximo de um cervejeiro! Deve ser muito frustrante ser sempre o copista, nunca o gênio que inventou. Mais frustrante ainda para o cervejeiro deve ser a sua criação julgada com burocrático rigor.
Desde o início do ano eu vinha estudando o BJCP ( Beer Judge Certification Program) para prestar a prova aplicada pela primeira vez no Brasil. Por motivos alheios à minha vontade, não pude prestar o teste e, confesso, fiquei muito decepcionada por precisar desistir desta que seria uma prova de compromisso pessoal com a seriedade da avaliação de cervejas (demanda que cada vez mais se apresenta a mim, vinda de novos e de já experientes cervejeiros ). No fim do ano passado me formei Sommelier de Cervejas pela Doemens Academy/Senac SP, justamente com esse pensamento, de ser séria e capacitada para tal atividade.
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