O tempo vai selecionar as melhores cervejas

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Nuno Teles (Imagem: HotPopcorn)

VP Marketing da Heineken Brasil opina sobre a polêmica das cervejas premium em entrevista exclusiva ao BREJAS

Ele comanda a área de marketing da Heineken Brasil, que hoje movimenta no país 1,5 bilhões de reais em vendas. Antes disso, já tinha sido diretor de marketing do grupo na Europa. O português Nuno Teles concordou em conceder entrevista exclusiva para o BREJAS após a polêmica entrada no mercado do rótulo Budweiser, do grupo belgo-brasileiro AB-ImBev, que se posicionou como “premium” (entenda o caso).

Esbanjando um temperamento cordial e afável (segundo ele, já veio incógnito ao Bar Brejas e achou “muito legal”), Teles respondeu com tranquilidade às perguntas deste escriba. Vamos à entrevista.

BREJAS — É sabido que o rótulo Heineken é fabricado apenas com os quatro ingredientes básicos da cerveja (água, malte, lúpulo e levedira), o que o posiciona no estilo premium lager. Porém, é sabido que outros produtores concorrentes da Heineken elaboram cerveja com adjuntos, o que, em tese, reduz o custo dessas cervejas. Mesmo assim, esses produtores estão tentando posicionar essas cervejas standard lager na mesma faixa de preços e de público que a Heineken. Como o senhor enxerga essa prática?

NUNO TELES — Pra nós, sempre foi determinante manter apenas os quatro ingredientes da cerveja na Heineken. Temos grande preocupação em obter os insumos corretos e da melhor qualidade. Por causa disso, mantemos nossa cerveja com posicionamento premium, com faixa de preço acima do mercado. Temos convicção de que, se uma determinada marca se posiciona como premium, mas não oferece a qualidade correspondente a esse posicionamento, o consumidor vai entender e nunca mais vai respeitar e consumir aquela marca. Ele vai se sentir enganado. É por isso que não estamos muito preocupados com esse problema. O tempo vai dar razão àquelas marcas que, de fato, possuem qualidade superior.

BREJAS — A Heineken, então, não pretende mudar a formulação da cerveja?

NT — Nunca iremos alterar a nossa fórmula. Nossa cerveja já se identificou com os consumidores ao redor do mundo pelo sabor peculiar e pela qualidade.

BREJAS — Vimos notando que, cada vez mais, a Heineken está investindo no Brasil através de grandes ações de marketing. A ideia da marca é continuar esses investimentos? O senhor pode adiantar algumas ações futuras ou ainda é surpresa?

NT — Nós gostamos bastante de investir no segmento musical, porque achamos que isso se identifica com o nosso consumidor. No ano passado patrocinamos os dois maiores eventos musicais no país, os festivais Rock in Rio e SWU, e nesse ano seremos parceiros de outro grande festival, o Lolapalooza, em São Paulo, que ocorrerá em abril. Em todos esses eventos o público consumiu ou consumirá centenas de milhares de litros de Heineken na pressão. Essa era a ideia desde o início, e é algo de que nos orgulhamos.

BREJAS — Essas ações vão continuar a ser voltadas para o público das classes A e B ou a marca pretende, no futuro, diferenciar esse público?

NT — O target da marca Heineken é o público da classe A. Isso fica claro através do tipo das nossas ações e da qualidade do nosso produto. Não pretendemos mudar esse parâmetro.

BREJAS — Os blogs cervejeiros hoje são importante meio de informação pra quem busca cervejas diferenciadas. O BREJAS, por exemplo, tem mais de 1 milhão de leitores por ano. A Heineken pretende, nesse ano, implementar mais ações de marketing junto a esses meios?

NT — Nós não tentamos influenciar o blogueiro de cerveja. Ele tem de se sentir bem pra escrever sobre aquilo que acredita. Nós não temos como prática interferir na opinião genuína de um blogueiro.

9 Respostas para “O tempo vai selecionar as melhores cervejas”


  • Mesmo oferecendo fórmulas ligeiramente mais palatáveis para o paladar brasileiro, a Heineken é talvez a única das grandes cervejarias digna de respeito.

  • 2 Alexandre Bazzo

    A Heineken vem fazendo a inclusão cervejeira no Brasil, ela é a porta de entrada para as artesanais, parabéns e continuem esse trabalho.

  • Ótima entrevista, mas há uma informação incorreta logo no início. A matéria dá a entender que o estilo “premium American lager” não admite o uso de adjuntos e sugere que as marcas que usam a denominação mas têm adjuntos estão com um posicionamento incorreto. Isso não condiz necessariamente com os guias de estilo, que afirmam que, para as premium American lagers, o uso de adjuntos em até 25% da receita é opcional (de acordo com o BJCP).

  • ué, e aquela harmonização da TV Brejas com cervejas do portfólio da Heineken? não influenciou?

  • Entrevista curta, mas extremamente reveladora.

  • Uma cervejaria honesta se faz com pessoas honestas. Meus respeitos à Heineken, cervejas simples, massificadas, mas bem feitas. Anos luz à frente da AB-Inbev

  • É bom mesmo não gastar muita tinta com a budweiser. Melhor desprezá-la.

  • A Heineken é a cerveja de trabalho quando vou num churrasco com amigos (quando estou sem as minhas, claro). É sem dúvida a melhor entre as cervejas maistream que temos hj no mercado brasileiro e escolha de 99,9% dos cervejeiros que conheço quando recebem e fatídica pergunta: E das “comerciais”, qual você gosta mais?

  • Se a Stella (que é bem melhor que a Bud) não derruba a Heineken… A inbebível deve estar louca achando que a Bud o fará.

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